Belo Horizonte (14/03) – A história do Independência registrou, nesta quarta-feira (14/03), um capítulo emocionante com a visita ao estádio de dez torcedores que assistiram, no estádio do Horto, aos jogos da Copa de 1950. O Independência, construído para a competição internacional, foi palco de três partidas do Mundial de 1950, e de uma das maiores “zebras” do futebol mundial, com a vitória da seleção dos Estados Unidos sobre a Inglaterra por um a zero.
O grupo de torcedores esteve nas arquibancadas e no gramado. Pousaram para fotografia, receberam fotos personalizadas e autografaram uma camisa da seleção brasileira de futebol, que irá compor o acervo do Museu do Futebol Brasileiro, no novo Mineirão.
Um dos momentos mais emocionantes foi a chegada do advogado aposentado Salvador Velloso, 78 anos. “Não poderia faltar. Estava muito ansioso para conhecer o novo estádio. Estou impressionado com a mudança. Cheguei a ver dois dos três jogos da Copa de 1950. Era um menino na época. Paguei porque tinha curiosidade de ver um time mítico, a Inglaterra. Deu no que deu”, lembra Velloso, vítima de poliomielite, que chegou à nova arena numa maca do Corpo de Bombeiros.
Personagem desse capítulo da crônica esportiva, o jornalista Márcio Rubens Prado, o Marcinho, natural de São Miguel y Almas de Guanhães, como gosta de frisar, é americano convicto e guarda na memória fatos, números e datas sobre a história de seu estádio preferido. “A única exigência da FIFA, naquela época, era que os três jogos da Copa rendessem 1,5 milhão de cruzeiros, o equivalente na época a U$S 75 mil. Como rendeu US$ 38 mil, a Prefeitura teve que completar o resto”, conta.
Ele lembrou o comportamento dos ingleses, que optaram por se hospedar numa instalação da Mina do Morro Velho e se recusaram visitar a Lagoa da Pampulha, como fizeram as outras seleções. “Ficavam enfurnados lá em Nova Lima e não deram entrevista para ninguém. Não quiseram nem treinar antes da partida fatídica. Estavam convictos da vitória”, critica.
O jornalista lembrou que um jornal britânico chegou a publicar o placar Inglaterra 10 x 0 Estados Unidos. “A redação achou que era erro de digitação e fez essa barbaridade”, diverte-se.
Da beirada do campo, o aposentado Elmo Cordeiro, 77 anos, foi outra testemunha da grande “zebra”, trabalhando como gandula. “Eu fiquei atrás do gol da Inglaterra, pegando as bolas que saíam. Os ingleses atacaram muito, mas não marcaram. Daí, em um deslize da defesa inglesa, um haitiano marcou para os Estados Unidos. O estádio estava cheio e o pessoal torcia mesmo para os Estados Unidos. A Inglaterra gerou uma certa antipatia na cidade”, comenta.
Durante a visita, o advogado Afonso Celso Raso, presidente do conselho administrativo do América, também reviu amigos, relembrou histórias e reforçou a importância do estádio. “Fico emocionado de rever esses torcedores do clube porque o Independência é a casa do América para uso do esporte mineiro”, registrou.
O secretário de Estado Extraordinário da Copa (Secopa), Sergio Barroso, se emocionou com os relatos dos visitantes. “Foi um encontro da história com a modernidade. Esses torcedores são testemunhas de um período importante da história do estádio e do futebol. A Copa de 1950 foi o pontapé inicial da exposição do futebol mineiro para o mundo”, completou.
Legenda: Convidados exibem foto personalizada em dia de homenagem no Independência
Crédito das fotos: Bruno Sales/Secopa-MG
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